Esta é uma linha tênue, muitas vezes despercebida, principalmente pelo público. Mas também confundida – intencionalmente ou não – por muitos jornalistas: informar e opinar.
O jornalismo informativo, via
de regra, é aquele das matérias de jornais, revistas, tele jornais ou rádio
notícias. São as reportagens, mostrando fatos do dia-a-dia, da sociedade. E
deveriam ser objetivas, imparciais, limpas e claras, fornecendo ao público a
oportunidade de refletir sobre as notícias e então formular sua própria
opinião.
No jornalismo opinativo, como
o próprio nome diz, o jornalista expressa a sua opinião sobre os fatos, baseado
em seus conceitos, visões de mundo, princípios e ideologias as quais defende.
Todos os veículos de
comunicação possuem as chamadas “linhas editoriais”, onde estão os valores
defendidos pela empresa jornalística. E aí também não há clareza para o
público, principalmente quando se trata de Brasil. Por aqui, com raríssimas
exceções, as “linhas editoriais” não são claras, mas influenciam e determinam
quais reportagens serão mostradas ao público e em qual linguagem, impregnando
as notícias com as ideias defendidas por aquele órgão de imprensa.
Nada há de errado em defender
princípios, valores e ideologias. Desde que para o público, seja transparente e
claro.
Em outros países, como nos
EUA, a maioria das empresas jornalísticas assumem claramente suas posições. O
consumidor das notícias veiculadas por elas, sabe de antemão, como serão
apresentadas. Portando, saberá qual “carga emocional” será impregnada nas
informações e poderá aplicar seu filtro.
Também nada há de errado,
quando o jornalista apresenta a informação e a seguir expressa sua opinião
sobre a mesma, desde que deixe claro ser “a sua opinião”.
Inaugurei meu Blog em 2003, já
com o sub título: Um Blog de Opinião. Deixando bem claro aos leitores, serem as
minhas visões sobre os fatos analisados e ali publicados.
E está bem claro também, os
valores por mim defendidos: democracia; defesa intransigente dos direitos
humanos e da liberdade de opinião, expressão e manifestação; redução do tamanho
e interferência do Estado na vida do cidadão; defesa do livre mercado e
empreendedorismo.
Dezenove anos depois, os agora
175.000 leitores, tem a certeza de encontrar ali, minhas percepções, baseadas
nos valores e princípios por mim defendidos. E o mesmo aos espectadores e
ouvintes dos programas por mim produzidos e apresentados, como o “Papo Franco”
– já no seu terceiro ano – e “Cervejeiras&Cervejeiros” – que em setembro
próximo, completará seu primeiro ano de veiculação.
Mas é importante ressaltar: tanto
no jornalismo informativo, quando no opinativo, o jornalista deve ter a
responsabilidade de buscar o conhecimento sobre os fatos apresentados. Isto
envolve muita pesquisa, ouvir diversas fontes, opiniões diferentes e
divergentes. Porém, percebo, cada dia mais, preguiça por parte de muitos
profissionais, tratando os fatos com desleixo, apresentando ao público um
produto final (seja informação ou opinião), de baixa qualidade e pouca
profundidade.
Nesta semana comemoramos o
“Dia da Liberdade de Imprensa”. E sim, a imprensa deve ser livre, mas também
responsável.
Se fala muito, atualmente,
sobre “fake news”, colocando seu peso nas redes e mídias sociais. E aí já está
a ausência do “mea culpa”, pois não foram as redes e mídias sociais que as
criaram, foi justamente a imprensa tradicional, anos atrás. Hoje, as mídias
digitais apenas tem maior poder de propagação.
O jornalismo responsável tem o
dever sagrado de defender a verdade e desconstruir as mentiras e informações
intencionalmente criadas para levar o leitor, ouvinte ou telespectador ao erro
de análise a avaliação.
Estamos em ano eleitoral, num
momento de forte polarização, de acirramento de ânimos – não apenas no Brasil,
mas no mundo todo. E justamente neste momento aumenta a responsabilidade da
imprensa no trato das informações e mesmo opiniões.
O bom jornalista não se
utiliza de “chutômetros”, mas de conhecimentos.
Jornalista e sociólogo
MTb 0018790/RS