“Só pode ser feliz um Estado edificado sobre a
honestidade.”(Aristóteles)
Sempre tive medo daqueles que propagandeiam sua honestidade
e retidão. Não raro, logo são descobertos como falsos moralistas. Aquele que é
honesto, não precisa propagandear sua honestidade. Se o faz, não está seguro da
mesma, ou quer encobrir em seu manto, suas desonestidades.
Ser honesto é ser verdadeiro, primeiramente consigo. Suas
palavras e ações devem ser coerentes, jamais forçadas.
Em nossa história temos diversos exemplos de governantes propagandearem
suas honestidades e logo a seguir descobrirmos suas falcatruas, suas corrupções
(não apenas em avançar sobre o erário público), transformando ou reafirmando o
patrimonialismo – usando o Estado como extensão de sua propriedade.
Getúlio Vargas preferiu o suicídio, ao ser confrontado com
as corrupções descobertas em seu governo. Redigiu “Carta aos brasileiros”,enaltecendo
suas qualidades e acusando aos outros por seus erros.
Jânio Quadros escolheu a renúncia, oito meses após ser
eleito com o slogan de “varrer a corrupção”. O símbolo de sua campanha era uma “vassoura”e
seu gingle "varre, varre, vassourinha”.
Collor de Melo se apresenta como o “caçador de marajás”,
prometendo extirpar do setor público aqueles que se locupletavam. Renuncia
antes de ser impeachado, pego em “tenebrosas transações”.
Lulla e o PT se apresentaram como as “vestais da honestidade”.
O ex-presidente acabou preso por corrupção e sua sucessora – Dilma Roussef - foi apeada do poder por suas “pedaladas”,
drenando os recursos do petróleo brasileiro para as burras partidárias.
E chegamos ao capitão, apresentado à nação com reputação
ilibada, mesmo tendo sido reformado pelo exército (onde era um tenente), por
indisciplina, após julgamento por tentativa de atentado a bomba contra sua
corporação. Não faltavam indícios de sua conduta e de seus filhos, utilizando
seus cargos políticos para seu proveito próprio. E agora – infelizmente somente
agora – os fatos ganham a luz do dia, saídos das sombras de seus gabinetes nas
assembleias estaduais e câmara federal.
Tratado como mito e aproveitando-se – como sempre – das reputações
alheias, como que desejoso de emprestar-lhe a respeitabilidade, busca na
popularidade e currículo do ex-juiz da maior operação contra a corrupção no
país (algoz de políticos e endinheirados empresários), carimbar seu governo com
o selo da honestidade que lhe falta.
Mas o desonesto tem dificuldades em conviver com a
probidade. Assim como o honesto jamais conseguirá compactuar com os corruptos.
Logo, aquela “carta branca”é borrada com as tintas das falcatruas que desejava
impor.
A história, mais uma vez, se repete. Não como farsa – como pregava
Marx – mas como reafirmação aristotélica: só pode ser feliz um Estado edificado
sobre a honestidade.
Sílvio Luiz Belbute
Jornalista e sociólogo
Mtb 0018790/RS