Ao contrário do que muitos falam, o
país sai destas eleições ainda mais dividido. E esta divisão tende a aumentar e
recrudescer. Nenhuma liderança nacional, atualmente, tem as condições de
pacificar e unir o Brasil.
Sem os “mimimis” de costume, temos
de lembrar fatos claros e precisos:
- Bolsonaro fez a maioria sim,
49,85% dos votos totais;
- Haddad (PT/Lulla) fez 40,57%
dos votos totais e
- Descontentes com as opções anteriores,
votos de protesto somaram 30,87% dos votos totais. Um dos maiores índices dos
últimos tempos.
Por si só, os dois primeiros números
já demonstram o tamanho da divisão nacional. Basta avaliar as postagens de
ambos os lados (seguidores, fãs, fanáticos) nas redes sociais, para percebermos
o tamanho do “canion” aberto no centro do país.
Bolsonaro fez votação expressiva nas
regiões Sul e Sudeste, enquanto Haddad dominou a região Nordeste. Porém, se nos
debruçarmos sobre o mapa eleitoral, veremos núcleos importantes de eleitores do
PSL em áreas do PT, tanto quanto o inverso também é verdadeiro.
Já ao final e no dia seguinte ao
pleito, os discursos de ambos não foi pacificador. Haddad foi descortês ao não cumprimentar
e saudar o presidente eleito; da mesma forma, Bolsonaro não fez qualquer gesto
de conciliação e já na entrevista ao Jornal Nacional, voltou a se justificar.
Ora, já é o presidente eleito, não precisa mais do palanque e muito menos se
justificar ou descer ao nível de seus opositores. Seria a hora de adotar a
postura de magistrado, presidente de todos os brasileiros. Ele o disse, mas da
boca para fora.
O PT, ainda sob a batuta de Lulla
(mesmo preso) e de José Dirceu, voltarão à carga, como fizeram historicamente,
desde o governo Sarney. E agora com mais virulência e agressividade. Contam,
nesta missão, com a ajuda de partidos ainda mais extremistas, como PSOL, PSTU e
PCdoB.
O PT nunca soube perder. E Bolsonaro
não tem o perfil de “estadista”, tem pavio curto e não levará desaforo para
casa – ou para o Planalto. “Caldo de cultura” pronto para conflitos e enfrentamentos.
Visualizando a composição da Câmara
de do Senado, tal divisão nacional fica ainda mais clara. Bolsonaro faz contas
de ter cerca de 266 deputados, já com os 52 eleitos pelo PSL; a esquerda mais
radical tem 148 deputados e o “centrão” – menos radical, mas sem adesões –
conta com 99 deputados. Ou seja: serão 266 x 247.
Há que considerar também: dependendo
das propostas do futuro governo, a fidelidade destes 266 parlamentares não é
garantida.
Os próximos quatros anos serão
tensos e de embates frequentes. O PT e seus satélites colocarão lupas enormes
sobre a gestão Bolsonaro e qualquer indício de desvio, colocarão holofotes
gigantes. Como são especialistas em “assassinato” de reputações, também veremos
uma grande profusão de “fake news”.
Ao redor de Bolsonaro convivem
forças divergentes, desfavorecendo o novo presidente, exigindo resolver os
conflitos internos. E já o percebemos, na medida que futuros ministros são
desautorizados por outros candidatos à explanada dos ministérios. Sem falar dos
militares, dando palpites na composição das diretorias de estatais.
O PT conseguiu, novamente, atingir
seu objetivo: dividir o país, colocar irmão contra irmão.
Silvio Luiz Belbute
Sociólogo e Jornalista (MTb 0018790/RS)
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